domingo, 17 de outubro de 2010

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não vou ficar o corpo pesado, a face caída, não vou ficar especado nas vidas dos outros, não vou. assemelho-me, em tudo, a uma brisa que sopra por entre as ervas daninhas, por entre a terra lavrada, por entre as flores pisadas na beira de uma estrada secundária. não sou o lixo das primeiras páginas, nem a homenagem sem lógica do suplemento. não vou ficar o corpo pesado, o pensamento fixo, não vou ficar deitado no meio do caminho-de-ferro abandonado, não vou. ainda me lembro da porta fechada, do corredor vazio, do telefonema não atendido. ainda me lembro do imenso nada das inocências. agora, não vou ficar na esperança, sequer. não vou ficar na agenda, não vou ficar na ementa. recuperando a insónia, uma vez mais, e as distâncias todas rejeitadas pela eternidade das aldeias limpas.