terça-feira, 20 de julho de 2010
um recomeço
para poder recomeçar, deixemos as mãos segurando os lençóis e voemos, de braços bem abertos, por cima das casas, das casas, das casas. para poder recomeçar, temos também que aprender que as palavras, assim como as conhecemos, chegaram agora ao fim da sua vida, preparando-se afincadamente para rejuvenescer em novos significados. para poder recomeçar, como se fosse um refrão, vejam só, ensinemos os pés a reconhecer as calçadas, mas também a areia, a terra, a poeira dos caminhos. depois, de braços bem abertos, desenhemos os telhados nas folhas brancas de papel, inventemos a pequena glória dos nossos sonhos, tratemos de tratar de todos os assuntos da benevolência. aí será, se não me engano, o lugar, o lugar para poder recomeçar.