sábado, 24 de julho de 2010
teatro
o dilema do autor dramático é o encontrar de linguagens próprias para cada personagem. no entanto, o autor dramático é, já, uma simulação dessas deslocações. sentado à sua secretária, imagina redutos onde ninguém pode entrar, falsificando, à partida, toda a geometria dos afectos que se prentende natural. depois, imagina um palco onde haveria uma sala, um sistema de iluminação onde se quer apenas um candeeiro, um guarda-roupa onde as pessoas só se deveriam vestir com a sua roupa de cada dia. o dilema do autor dramático é não ser deus. e, para além disso, ter pouco tempo a perder até que possa descansar sobre a obra feita. há quem leve milhares de anos de avanço nas experimentações. e, ainda assim, a plateia queixa-se.