sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
literatura portuguesa
sabes, ele disse que gostava muito de ti, mas não era verdade. no dicionário dele, gostar muito é apenas uma ponte para te invadir o castelo, como nos filmes sobre história medieval. foi, aliás, numa aula de literatura da idade média que ele te disse isso, entre uma cantiga de amigo e uma cantiga de escárnio e mal dizer. deverias ter percebido que não são sérios os rapazes que se declaram em aulas de literatura portuguesa I (da universidade clássica, o mesmo se poderá dizer dos rapazes que se declaram em aulas de literatura portuguesa III na universidade nova de lisboa). ainda assim, tu acreditaste. acreditaste que era possível o amor entre o mofo dos cancioneiros, entre os professores que metem piadas sobre o benfica entre os poemas e que falam muito bem de cineastas portuguesas que desistem dos filmes a meio. acreditaste, o suficiente para ires para casa dele no fim das aulas e te deitares na cama, semi-despida, entre os beijos e as mãos ávidas que ele te dedicava. só não acreditaste o que chegasse para ele te foder. quiseste guardar-te para um dia especial e isso, não há literatura portuguesa que aguente, tanta tesão assim desperdiçada.