terça-feira, 15 de dezembro de 2009

eterna promessa

começo a entrar na idade de ser a eterna promessa* e já não adio mais a conversa, embrulho-me dia a dia em papel em branco, deixo-lhe a marca, ainda que imperceptível, os dedos gastam-se nas aventuras da cabeça. começo a entrar na idade que sempre esperei, não ter que prometer mais, é fazer ou não fazer, e se passas todo o tempo do mundo em casa, ainda assim, haverá sempre quem te diga na rua, "cuidado, não pises o senhor". começo a entrar na idade de saber como fazer, de não me atrapalhar com as mãos ou com as palavras não treinadas. agora, posso calçar os sapatos de sola, subir a rua, dar os bons dias, enfim, agora posso finalmente começar a gozar o facto de ser a eterna promessa.


* frase de samuel úria, numa das músicas que compõem o álbum nem lhe tocava, que será apresentado amanhã, em concerto, no teatro ibérico.