a poesia é para comer, dizia a natália. não sei se aquela francesa sabia disso. o que é certo é que cada página lida era suavemente arrancada do livro, guardada debaixo da toalha da praia, como um fruto que se colhe de uma árvore, se leva para casa, se guarda na fruteira. a poesia é para comer, dizia a natália. mas aquela francesa comia páginas de romances, todas as noites de verão, talvez com umas pequenas rodelas de pepino, uma pitada de coentros e sal.
para o zé abrantes