sexta-feira, 27 de novembro de 2009
filosofia
queres mais cru, apaga o lume - dizia o homem do fogareiro - e as minhotas a dançar à volta da fogueira, mãos dadas, pés descalços, o vento a espalhar fagulhas por toda a parte, o pinhal a pegar fogo, os casais de namorados a fugir, nus, para se deitarem ao mar de ofir, queres mais cru, apaga o lume - dizia o homem do fogareiro enquanto se ria - e a maria vitória a tomar o palácio de fão enquanto se apagavam as luzes de toda a localidade, certos dias um gajo acorda estremunhado dos sonhos e não sabe bem em que realidade se encontra, os braços dormentes, as mãos sujas, as palavras todas misturadas dentro da cabeça, enfim, dizes sempre isto, pois, pois, pois, queres mais cru, apaga o lume - o homem do fogareiro tinha um bigode à artur jorge - e ao balcão um outro tipo de barbas compridas, as teses de mestrado a empilharem-se a uma ponta, os casais de namorados, nus e completamente encharcados, a beberem limonadas na esplanada, como se fosse verão e a tarde chegasse agora ao fim.