terça-feira, 19 de janeiro de 2010

chuva espessa

a chuva cai espessa perto de estarreja, a estrada molhada, uma vaca no meio do verde da erva que cresce livre nas bermas das estradas. quase que se entrevê, no largo principal da cidade, um carro de bois a virar ao fundo, dois homens de cartola a passear os sapatos pelo silêncio enorme da construção. a chuva cai espessa perto de estarreja, e isso permite-nos não ver a modernidade já antiga que veio ferir de morte este lugar, enchido e logo esvaziado de esperança. permite-nos aceitar como normal que as cidades morram, que as pessoas passem, quando, na verdade, se fixassemos bem os olhos para lá desta cortina de chuva, seríamos bem capazes de encontrar um caminho aberto para nascer outra vez.