pelos idos da adolescência, passei uma noite, numa discoteca, a fixar-me numa miúda linda, dançando e chegando-me cada vez mais perto dela. estavamos mesmo muito perto um do outro, mas eu tinha dezasseis anos, ela, provavelmente, também, e continuavamos a pensar se estaríamos mesmo a olhar um para o outro. ao fim de imenso tempo, cheguei-me perto do ouvido dela, e perguntei-lhe o nome. ela sorriu, chegou-se ao meu ouvido, e disse-me o nome dela. ou, pelo menos, eu acho que disse. deve ter dito. o volume da música era alto e eu não percebi. não percebi, e tinha dezasseis anos, por isso também não tive coragem de dizer que não tinha percebido.
devo tê-la visto uma ou duas vezes depois disso. sorríamos um para o outro. mas eu vivia em pânico que ela voltasse a dirigir-me a palavra. tanto por não lhe saber o nome, tanto por, o que eu mais temia, poder voltar a não compreender.