aprendemos, com os dias, a observar as pessoas pela rua. lembro-me daquela brasileira que me dava os bons dias, sorridente. um dia sentou-se na minha mesa do café e contou-me da sua vida. a família, as paixões, os sonhos. era uma criança em busca de uma ilusão.
no dia seguinte, trouxe-lhe um livro. alto dos vendavais. leu-o sem parar. tenho a certeza que chorou, em alguns momentos, apaixonada por aquela paixão. não percebeu nada. disse-me, algum tempo depois, que tinha conhecido um rapaz que a levaria para a cidade.
compreendi rapidamente do que se tratava, mas era já tarde demais. ficou-me, dessa história, o aprender a observar as pessoas na rua. tudo pode ser bem diferente do que aparece ao nosso olhar distraído. tudo pode acabar por ser deixado para um momento em que é já tarde.