segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

agora

apesar de tudo havia uma árvore grande naquela rua, uma árvore grande que agora cortaram, e tu acordas todos os dias para olhá-la, um pequeno resto de árvore à altura do chão, uma pequena cartilagem de memória que ficou por desplantar, arrancar à raiz que agora é morta. apesar de tudo havia um choro de uma criança dentro do prédio, um sinal de vida que resiste, e tu acordas todos os dias para ouvi-la, um pequeno sinal de vida tão recente, um pequeno corpo em crescimento, uma mãe que sorri agora é viva. apesar de tudo, apesar de tudo, tu ainda te fazes à estrada, acordas todos os dias com uma força renovada, qualquer coisa em ti que é sangue e escorre, qualquer coisa em ti que é sentimento e esforça-se, qualquer coisa onde antes havia morte e agora vida, agora vida, agora ainda.