no final da conferência, o homem guardou todas as palavras que havia dito numa mala. tinham ficado espalhadas entre a mesa de conferecista e as cadeiras vazias da primeira fila. arregaçou as mangas e, com jeitos de empregada doméstica, pegou nas palavras aos molhos, varreu os pedaços mais pequenos para uma pá, e recolheu tudo numa mala. devia ser uma mala bem grande, pensa quem não lá estava. mas era uma mala mínima: as palavras cabem sempre onde mais nada sequer se vê.