quinta-feira, 25 de junho de 2009
ainda isto
de resto, é, habitualmente, a ideia contrária que está associada à poesia, uma tremenda falta de colhões. o poeta é visto como uma existência lateral da masculinidade, chorosa e sensível, incapaz de tomar com fúria e convicção o sonho de que é refém. e é contra isso que pavese luta: contra esse homem fraco que se perde entre papéis e devaneios, que acumula no seu corpo apenas as frustrações constantes da sua própria incapacidade. assim, escreve: "os grandes poetas são raros como os grandes amantes". e o grande amante não é aquele que tenta subir pelo escadote até ao telhado dos corações das mulheres. é também ele o furioso amante que, morto o poeta fraco e o amante-só-garganta, tem colhões.