tag:blogger.com,1999:blog-15861697596168304262024-03-05T11:36:40.608-08:00o homem que queria ser luís filipe cristóvãoblogue desactivadoUnknownnoreply@blogger.comBlogger1384125tag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-84407626778904935432010-11-22T06:59:00.000-08:002011-01-18T02:28:45.275-08:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEJ_COiCjAWrZEjrA9k_yysfvjRpXRIBua81jWZj4oqzGwu63lrCqYxD4es3gNxEZRWbCbGYAqQu9eiAFOLirg0AJqkRHstj6qihSWNTqqWotUYlv57hUlv98Cij6D9Y5zRdpy62HM4I9E/s1600/paisagem+vazia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEJ_COiCjAWrZEjrA9k_yysfvjRpXRIBua81jWZj4oqzGwu63lrCqYxD4es3gNxEZRWbCbGYAqQu9eiAFOLirg0AJqkRHstj6qihSWNTqqWotUYlv57hUlv98Cij6D9Y5zRdpy62HM4I9E/s320/paisagem+vazia.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: xx-small;">foto de luís filipe cristóvão</span></div>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-45517838477662389272010-11-22T03:00:00.000-08:002011-01-18T02:28:45.384-08:00a primeira verdadesete anos a escrever diários anti-pessoais, uma maneira de simulares intimidade com uma série de gente que tu desconheces. até que chegas à idade em que só deves fazer o que te apetece.<br /><br />agora não me apetece.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-24528552698936220582010-11-21T05:00:00.000-08:002011-01-18T02:28:45.395-08:00desaparecer"vou por um caminho escondido, não vá ver alguém conhecido". rumino assim as palavras dos outros num sentido tão claro dentro da minha cabeça. apetece-me balouçar lentamente ao som da música. até que, de vez, eu possa desaparecer. até que, de vez, seja bom desaparecer.<br /><br /><span class="Apple-style-span" style="font-size: xx-small;"><br /></span><br /><span class="Apple-style-span" style="font-size: xx-small;">citação de O Cão da Morte na música <i>a madrugada da minha rua</i>.</span>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-19270541224831722322010-11-20T06:53:00.000-08:002011-01-18T02:28:45.408-08:00corridacorre, corre, corre, entre as cadeiras, corre, corre, deixa as maneiras e descobre o sorriso nos meus olhos. corre, corre, anda, sopra entre os lençóis na cama, as palavras inventadas que te entram pelos ouvidos. (e depois - e depois - laços de dedos, bandeiras de pernas. e depois - e depois - solta os cabelos, beijos às dezenas...) corre, corre, corre, solta as mãos e o universo, inventa mais um excesso, até que adormecemos os dois.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-63115900153384855372010-11-19T03:00:00.000-08:002011-01-18T02:28:45.418-08:00na mãonão, na mão, não, sei lá, então, a solidão está tantas vezes no discurso. não, não sei, dizer, melhor é ver, enquanto os outros nos revelam o percurso. agora há tanta gente que não sabe para onde vai. agora no intendente abrem lojas monges thai. não, na mão, não, para lá do não, ferrados dentes numa côdea já sem pão. não, não sei, dizer, melhor é ver, enquanto os outros agora nunca aqui estão. os rios que atravesso não têm para onde correr. mergulhadores experientes afundam-se até morrer. agora há tanta coisa que não consigo esquecer.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-12859169276740306402010-11-18T06:42:00.000-08:002011-01-18T02:28:45.428-08:00endereçose ao mais pequeno abraço, nasce em ti o embaraço, então deixa que o contacto seja apenas a memória. pois se é velha a nossa história, aconselha-se o recato, e arruma o embaraço numa distante vitória. se ao mais pequeno gesto, tu já vês um recomeço, então deixa que o endereço seja assim desconhecido. mais valia ter morrido, quem se preserva insensato, e arruma o recomeço num resumo mais sentido. e então deixa que o contacto seja apenas a memória, pois já sabes que o endereço é hoje desconhecido.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-86849389274292322512010-11-17T03:00:00.000-08:002011-01-18T02:28:45.439-08:00corpoo meu corpo encerrado, fecho os olhos e adormeço. para mim nada peço, só encontro retrocesso. o meu corpo encerrado, noite dentro, respirando. com isso, eu vou contando, pouco importa o resultado. o meu corpo encerrado, minha alma posta à parte. tomara que se alastre, tanta vida ao desencanto. em tão grande quebranto, só meu corpo é levado.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-27749854821812825172010-11-16T03:00:00.000-08:002011-01-18T02:28:45.449-08:00desencontromais nenhum tempo, a boca cosida com a linha mais forte, o corpo abandonado - assim são os ciclos da desordem, as manhãs mais breves da história. mais nenhum tempo, certa a urgência de acabar ou começar algo outra vez, e todas as impossibilidades serem físicas ou metáforas que ficaram por dizer - eu que nunca sei a ordem certa da assistência. mais nenhum tempo, a mão no peito enfiada, os olhos muito abertos, dizer-te o quê, quando o que te quero dizer está dito com os actos, com os gestos distantes, com a boca imóvel - resumo abreviado de um certo desencontro.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-9498730151261319922010-11-15T03:00:00.000-08:002011-01-18T02:28:45.459-08:00dedosos meus dedos silenciosos não são máquinas, deslizam apenas pela pele mais macia, pelo olhar mais quente, pelo lugar mais doce. os meus dedos silenciosos como lábios, elevando-se entre os lençóis, padecendo de desejo e agitação. os meus dedos silenciosos são fantasia, quase nunca existentes de verdade. os meus dedos silenciosos, como uma eternidade guardada no bolso.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-74263555463135952332010-11-14T06:30:00.000-08:002011-01-18T02:28:45.470-08:00ficae depois, se precisares de mim, ficas sabendo que não estou. não, não me mudei, apenas registo a temperatura das campainhas, alimento o olhar com outros ventos, choro lágrimas de crocodilo nocturno, qualquer exclamação como essas. e sim, depois, saberás também como me esqueci das pontuações, anotações, lamentações. cócegas no peito, diria eu, e tanta água ainda por beber. e depois, bem, depois, faz o que quiseres. se precisares, ficas sabendo que não estou.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-52194875503482216032010-11-13T03:00:00.000-08:002011-01-18T02:28:45.481-08:00fotografia no telemóvelorçamenta-me as costas, já que agora é dia de crise, orçamenta-me as ideias, as tristezas, a beleza, orçamenta-me sim, com delicadeza.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-5291264754412451262010-11-12T03:00:00.000-08:002011-01-18T02:28:45.492-08:00calendropa onze, às onze, no onze, do onze.<br />a doze, às doze, no doze, do doze.<br />a treze, às treze, no treze, do treze.<br />a catorze - stop!<br />a onze, às onze, no onze, do onze.<br />a doze, às doze, no doze, do doze.<br />a treze, às treze, no treze, do treze.<br />a catorze - hump! hip! stop!Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-86820897186815912702010-11-11T03:00:00.000-08:002011-01-18T02:28:45.502-08:00diálogoquem? ele - hum? - isso - não - sim - hein? - pois - ah!Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-39666239525189200552010-11-10T03:00:00.000-08:002011-01-18T02:28:45.513-08:00bonitocoisas bonitas - uma faca apontada ao coração, a carne a rasgar-se e as entranhas revirando-se, o cheiro, antes do sabor, do vómito subindo pelo teu corpo, o coito interrompido, o jacto adiado, a faca a atingir o coração, borrado de merda por todos os poros, tão forte o choque em todo o corpo, tão forte a imagem que te esqueces, uma vez mais - coisas bonitas, pediam-te, coisas bonitas, pois.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-5870659860682212722010-11-09T03:00:00.000-08:002011-01-18T02:28:45.523-08:00cem à horao carro a cem à hora e tu choras - eu digo-te o que é abusar, digo-te o que é sentires-te sempre do lado de fora das coisas, a permanente insatisfação, o saber que as coisas não tem lugar - e tu choras e gemes quaisquer palavras inconfessáveis - quero lá saber do estado da nação, do estado do tempo, do estádio de evolução de seres vivos como tu, agarrados ao moral e às boas obras - o carro a cem à hora, o carro a cem à hora - e chorar, sim, chorar, um rio de lágrimas a escorrer pela face.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-34440211524626478332010-11-08T03:00:00.000-08:002011-01-18T02:28:45.534-08:00doro corpo todo dói e não há maneira de encontrares posição para adormecer - logo hoje, porra, logo hoje - uma série de asneiras e impropérios saltando da boca, como se não tivessem medo de andar a pé na auto-estrada, como se fosse possível tornarmo-nos imortais sempre que quiséssemos. o corpo todo dói, a cabeça toda explode - e a quantidade de razões para te sentires assim a repetirem-se, como sussurros, ao teu ouvido - até que seja de manhã, até que seja, finalmente, de manhã.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-3243910706685391312010-11-05T04:00:00.000-07:002011-01-18T02:28:45.543-08:00convicções<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;">talvez o melhor seja mesmo não construir dúvidas por perto das convicções. deixar que as coisas aconteçam como o previsto, decidir sempre em consonância com os parceiros, remeter à unidade do que fazes todos os processos da construção. talvez o melhor seja mesmo não colocar em perigo as convicções. porque há um plano (há), porque há um propósito (também), e as decisões devem seguir o plano, enquanto o plano for, por todos, considerado o melhor (quando se quiser mudar o plano, então sentam-se as pessoas à mesa e muda-se o plano). por isso mesmo, não construas dúvidas por perto das convicções. uma coisa bem feita será sempre uma coisa bem feita. às outras, gabando-lhes a sorte ou o engenho, verás sempre que o tempo terá sobre elas uma palavra a dizer. </span></span>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-74754303044451270342010-11-04T04:00:00.000-07:002011-01-18T02:28:45.554-08:00bolsosremexe sempre os bolsos vazios, se sai à rua de casaco. remexe os bolsos, as mãos que não param, a boca como se falasse, contasse baixinho às coisas os pensamentos que não se concluem. remexe sempre os bolsos vazios, onde talvez um lenço, um recado, uma conta de supermercado. remexe os bolsos e os olhos tremem-lhe, a rua alonga-se para lá da própria rua, qualquer travessa faz uma cidade. remexe os bolsos, sim. de nada valerá que lhe chamem a atenção.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-2150092243831683562010-11-03T04:00:00.000-07:002011-01-18T02:28:45.565-08:00lutarlutar contra a história, não, mas não deixar também que a história nos tome o tempo e o uso da folha onde se escreve. tudo terá o seu lugar e a repetição cansa-me. os olhos começam a fugir página abaixo, a fazer do texto uma escada que se desce a correr. lutar contra a história, não. a história já está contada e, se não me seguram para um segredo ainda por revelar, porque me demoro aqui? fecha-se o livro e apaga-se a luz. lutar, não.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-72867889989886215052010-11-02T03:52:00.000-07:002011-01-18T02:28:45.576-08:00raízesnão, não vou ficar por aqui, as minhas raízes não são de uma terra que não as alimenta, e não ficarão à espera de definhar. não, não vou ficar por aqui, ainda que a brisa sopre lenta sobre os olhos, ainda que o conforto seja prometedor. dizia, para mim mesmo, como o conforto acaba sempre por nos magoar, quando o corpo se acomoda ao lugar onde se arruma, e o lugar onde se arruma envelhece e perde as qualidades que oferecia. as raízes, crescem ou não? eu não vou ficar por aqui.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-79986080182108651792010-11-01T07:36:00.000-07:002011-01-18T02:28:45.588-08:00mortosnão repito o nome dos meus mortos - estão aqui à minha volta, sorridentes, acalentando-me os dias - pois não se chama alto quem está tão próximo de nós. não lhes repito o nome, seguro-lhes as mãos, acaricio-lhes os braços - eles estão sossegados, felizes, quietos. não repito o nome dos meus mortos, não os visito nos lugares da morte - porque seguem vivos, como sempre, com as palavras, os carinhos, os olhares preocupados. de nada a morte contaminou quem morreu, pois não morreram, por aqui seguem, comigo. comigo.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-34961384780152506632010-10-31T08:28:00.000-07:002011-01-18T02:28:45.598-08:00soletrarnão voltarei a soletrar domingo, não voltarei a repetir ao moço do café a mesma coisa que já nem sequer reconheço, tal a maneira como as letras soltas se indignam ao formar uma palavra que, repetida re-pe-ti-da na boca se desfaz de significados comuns. não voltarei a soletrar pedidos, não voltarei, sequer, para pedir nada. ficamos os dois sentados, os olhares afastados, o tempo que passa. eu não, eu não. algumas crianças a brincar no passeio, algumas conversas sempre as mesmas nas mesas em redor, eu sem soletrar, sem pedir, pois não, não voltarei a soletrar domingo, ou qualquer dia da semana, não voltarei a arder no vazio de uma palavra que não quer já dizer nada.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-48267363419706278762010-10-30T06:25:00.000-07:002011-01-18T02:28:45.609-08:00adormecere agora invento uma maneira de saber cantar uma música para adormeceres e tu adormeces, aí bem longe de tudo, deitas a cabeça, suavemente, sobre o teclado, a luz fica acesa, os pensamentos perdem-se, agora eu invento uma maneira de tudo isso ser possível, enquanto tu inventas a maneira de acreditar em mim, os longos cabelos espalhados pela mesa, um copo meio de água, os pés a arrefecer pela noite dentro.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-33887655650521585662010-10-29T03:00:00.000-07:002011-01-18T02:28:45.618-08:00autocarrodescer do autocarro - era capaz de ser difícil, tanta bagagem, os óculos escuros, o nariz empinado - a perguntar onde, por favor, posso eu apanhar o metro, apanhar um táxi - a bagagem outra vez, será que te esqueceste de uma das malas, o saco de plástico - e ninguém que soubesse falar essa língua, essa língua cheia de distâncias que inventaste para quem não conheces - senhor, um táxi - homens que correm mal vestidos pelo alcatrão, parece que fumam dos pés - descer do autocarro, se bem me lembro, era capaz, era mesmo capaz, de ser difícil.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1586169759616830426.post-35227475767141780132010-10-28T02:46:00.000-07:002011-01-18T02:28:45.628-08:00criançaos meus olhos queimados - não restam lágrimas para o calor das chamas - não chorarão mais a língua presa, o dedo quebrado ( o acaso de apontar na hora errada, porta fechada directa ao coração), a ponte liberta. eram onze da manhã de um dia qualquer, comias uma sandes de fiambre, lavavas os dentes pouco depois - da vida sabias nada, apenas um cartão no bolso, algumas moedas para o que desse e viesse ( também penso agora nos quatrocentos escudos que gastei contigo, quatrocentos escudos, quanta fortuna quando nem um beijo me deste), nenhum rancor no coração. os meus olhos queimados - não, não sei de ti - e nunca mais nada entre nós (a tua vergonha, os meus medos, vamos excluí-los da equação), como se nunca mais fosse possível sermos crianças outra vez, como se isso, o tempo inteiro, fosse mesmo verdade.Unknownnoreply@blogger.com